NAVIUM ESPERA MAIS OPORTUNIDADES COM A VINDA DE NOVAS EMPRESAS ESTRANGEIRAS PARA O BRASIL

Por Bruno Viggiano (bruno@petronoticias.com.br) –

Mudanças na legislação de conteúdo local são esperadas por grande parte das empresas da cadeia de óleo e gás brasileira. A empresa de engenharia de instalação marítima e navegação Navium conta com essas mudanças. De acordo com o seu presidente, Mario dos Santos, a empresa teve seus negócios dificultados com a vinda de concorrentes estrangeiros após o pré-sal. Algumas dessas empresas descumpriam com as normas de conteúdo local e ofertavam serviços com um custo inferior ao de empresas nacionais. Para o executivo, é na definição do projeto, em seu momento inicial, que tem de haver um maior cuidado com os índices do conteúdo local. A expectativa com a realização da 13ª Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios de petróleo e gás natural é grande, já que novos campos de exploração se traduzem em novas demandas para a empresa. A empresa fez recentemente a instalação do FPSO Cidade de Mangaratiba, no campo de Lula, na área Iracema Sul, no pré-sal da Bacia de Santos, e está agora na expectativa de participar da instalação dos FPSOs Cidade de Itaguaí e Cidade de Caraguatatuba.

O governo e a ANP indicaram recentemente que vão flexibilizar o conteúdo nacional. Qual o impacto que essa mudança vai gerar para a Navium?

A Navium é uma empresa com 30 anos de existência, e, a partir de 1999, com a abertura para vinda de empresas estrangeiras ao Brasil, com o objetivo de explorar petróleo, nós vimos a oportunidade de trabalhar promovendo a instalação de unidades marítimos, como FPSOs. Graças ao contato de empresas americanas com outras que chegaram junto à nós, conseguimos angariar um corpo robusto de clientes. Nós trabalhávamos com contrato de risco, onde a Petrobrás não gastava um centavo e a empresa estrangeira tinha o custo. Se houvesse sucesso, a Petrobrás recebia em óleo, caso não tivesse, ela não tinha gasto nenhum de qualquer maneira. Nós tínhamos o conteúdo local de engenharia, mas quando houve essa questão do pré-sal, muitas empresas vieram para o Brasil e essas estrangeiras passaram a abafar as locais. Isso é muito ruim, já que no Brasil não há mercado para mais de uma empresa do nosso segmento, porque esses projetos demandam muito tempo.

Qual a relevância do conteúdo local para a Navium?

Para nós da Navium, a questão do conteúdo local é bem interessante, levando em conta um cenário em que empresas 100% nacionais trabalhassem dentro desse conceito. Na parte de produto, temos uma diferença de projeto. Por exemplo, em um projeto de cavalo mecânico, que vai ser usado em uma produção, é possível chegar a 100% de conteúdo local. No entanto, em projetos de FPSOs, que têm uma complexidade maior, pode até ser que tenhamos tecnologia no país, mas o custo ainda não é comparável. Em um projeto como esse, os índices alcançados podem ficar entre 10% e 20%, mas isso não é um problema. Se começar com campos menores, uma malha de fornecedores é criada, e nova etapas de desenvolvimento passam a ser superadas. Mas isso é um caminho, não podendo haver um critério único de conteúdo local para aquele que produz 80 mil barris e para o que produz apenas 6 mil, pois são produtos diferentes. Isso é o que falta nessa discussão de conteúdo local, para que as coisas se tornem mais claras. A liberdade de ir buscar um fornecedor fora do país me permite trazer novas tecnologias para cá.

Que tipo de mudanças na questão do conteúdo local devem ser feitas?

As mudanças de critério que foram sugestionadas durante a OTC têm que caminhar em direção a projetos melhores desenhados, desde sua fase inicial. A ponta do projeto é o mais importante. É no projeto que se define onde comprar. É na engenharia que se define todo o sistema. Não adianta vir depois desta fase uma imposição de onde comprar. A engenharia, neste ponto, tem de ser respeitada, já que ela precisa de tempo de maturação e de execução, sem que haja etapas sendo atropeladas.

O processo enfrentado pela Petrobrás afetou de alguma maneira a Navium?

O impacto acontece porque todas as atividades acabam sendo postergadas. A Navium trabalha desde o início com empresas estrangeiras que vieram para o Brasil para explorar petróleo. Já trabalhamos com a Santa Fé Petróleos e Derivados, Devon Energy, El Paso Energia e Modec – para quem fizemos a instalação de seis FPSOs. Muitas empresas passaram a utilizar a designação “do Brasil” e ocuparam espaço. Uma boa parte dessas empresas, por desconhecer a legislação brasileira, não cumpria, e ficava com um custo muito menor que o nosso.

A expectativa da Navium é maior para o plano de negócios da Petrobrás ou para a 13ª rodada?

Para a 13ª rodada, com certeza. A Petrobrás faz a instalação dos próprios modais, com um corpo técnico de ancoragem todo dela. Nós contamos com as empresas estrangeiras que vêm para o país após a abertura de novas áreas.

Como se deu a participação da Navium na Offshore Technology Conference (OTC) deste ano?

A Navium vai para a OTC desde 2001, quando fizemos nossa primeira atividade de offloading, inclusive com certo destaque, saindo em um jornal da Transpetro como primeira operação de área cedida do tipo. Nós fomos a Houston bastante otimistas por conta da abertura de novas áreas. Instalamos recentemente o FPSO Cidade de Mangaratiba, da Modec, e esperamos poder trabalhar em outros dois que serão instalados em breve, o FPSO Cidade de Itaguaí e o FPSO Cidade de Caraguatatuba.